domingo, 3 de janeiro de 2010

DEVORADOS PELO TEMPO.


Quem tem olhos pra ver o tempo
Soprando sulcos na pele
Soprando sulcos na pele
Soprando sulcos? 

O tempo andou riscando meu rosto
Com uma navalha fina
Sem raiva nem rancor
O tempo riscou meu rosto
Com calma
  
(eu parei de lutar contra o tempo
Ando exercendo instantes
Acho que ganhei presença)

Acho que a vida anda passando a mão em mim.
A vida anda passando a mão em mim.
Acho que a vida anda passando.
A vida anda passando.

Acho que a vida anda.
A vida anda em mim.
Acho que há vida em mim.
A vida em mim anda passando.
Acho que a vida anda passando a mão em mim.
(...)
Viviane Mosé


    
Nesta primeira postagem do ano, decidi falar um pouco sobre o tempo. Algo que é difícil se definir o que é. Algumas pessoas dizem que ele “voa”, outros dizem que ele “escorre pelas mãos”. Pois este, conforme nos define a física pertence a quarta dimensão, desta forma, sendo de uma dimensão superior, não estará sujeito a inferior. Sendo então, independente das outras dimensões, esta poderá ter controle sobre as que estão abaixo.  
O domínio do tempo esta bem acima de qualquer plano ou pensamentos que podemos ter, pois o tempo é o “pai mau” que nos devora aos poucos, nos consumindo e sugando nossas energias, nos tornando mais hábitos a adquirir doenças e fazendo com que nossa pele comece a definhar, como se estivesse derretendo, conforme o “pai tempo” vai nos sugando.
Muitas pessoas o temem e por temê-lo fazem de tudo para tentar vencê-lo: através das indústrias cosméticas, com seus comerciais de produtos, que garantem que através do consumo de suas mercadorias você poderá ter vitoria sobre o “pai tempo”. Ou se não, tentam vencê-lo de outra forma, através da medicina, com suas cirurgias plásticas, na qual leva as pessoas a pensar que adquiriu uma pseudo-vitoria sobre ele, mas a vitoria é breve e apenas visual, pois este, logo volta a ser consumido e devorado pelo “pai tempo”.
Este pensamento me levou a um mito, o mito de Cronos, filho de Urano e Gaia o mais jovem dos titãs, que após ter recebido uma foice de ouro de sua mãe, castrou o próprio pai. Libertando sua mãe de um ato sexual interminável, se tornando assim o principal dos titãs.
Após isso Cronos recebe uma profecia, que dizia que um dos seus filhos tomaria o seu trono, tirando assim o seu estatus de deus supremo. Temendo isso Cronos passa a devorar todos os seus filhos, nascidos de sua esposa e irmã Réia, que foi tomada como sua mulher após ter castrado seu pai Urano. Como pai tirano Cronos devora Héstia, Deméter, Hera, Hades e Poseidon. Réia grávida pela sexta vez foge para ilha de Creta e lá da à luz a Zeus. Cronos chega ansioso para devorar mais este filho, mas Réia o esconde e dá no lugar uma pedra envolta em um pano, sendo assim Cronos é enganado.
Zeus cresce na ilha de Creta sendo amamentado por uma cabra. Já adulto recebe de Métis a deusa da sabedoria, uma porção na qual a leva a seu pai, que após tomá-la regurgita todos os irmãos de Zeus. Após isso Zeus liberta os hecatônquiros, que estavam presos no tártaro e junto deles e seus irmãos Hades e Poseidon, vencem a batalha contra Cronos e os titãs.
Podemos chamar então Zeus de o “grande libertador”, aquele que venceu o tempo através da grande ajuda de Métis, a deusa da sabedoria. Através da sabedoria Zeus e seus irmãos venceram o tempo. Será que nós nos tempos atuais podemos também vencermos o tempo?
Se o tempo pertence à quarta dimensão, então a sabedoria seria a quinta? Talvez sim. Pois aqueles que usaram de sabedoria ao longo da historia, trouxeram certo tipo de liberdade ao homem e de alguma maneira também venceram o tempo. Pois seus pensamentos estão tão presentes como se ainda estivessem vivos em nosso meio. Foram homens que mudaram o pensamento de uma época e trouxe uma revolução ao mundo.
Podemos citar exemplos, como Galileu Galiléu, Albert Einstein, Isaac Newton, Platão, Aristóteles, Sigmund Freud e quantos outros não poderíamos citar? Homens que apesar do “pai tempo” ter sugado suas vidas físicas, não foi capaz de impedir a influencia que eles causaram na historia. Fazendo com que continuassem vivos nas escolas e na boca do povo. Tendo suas existências cravadas nas bases cientificas e filosóficas de todas as épocas depois deles.
 Lutemos contra o “pai tempo”, mas não com as armas da revolução tecnológicas, mas sim com a porção de Métis. Fazendo com que esse novo ano seja lembrado como o inicio de uma nova historia em nossa existência.  

Wellington Johnny: wj-cunha@hotmail.com
Beth Nanni e Marcia Bittar Nehemy - Os Deuses e o Amor - Ed. Prestigio - Rio de Janeiro - 2007.

sábado, 10 de outubro de 2009

Emancipação do Conhecimento. Ou a verdade que escraviza o homem?



Emancipação do Conhecimento. Ou a verdade que escraviza o homem?

Emancipar é bom! Mas até que ponto? Onde queremos chegar com toda essa liberdade dos tempos atuais? Se isso fará com que o nosso período seja melhor do que o anterior, por que nossa sociedade é tão infeliz? A corrida dos tempos de atuais já não leva mais em consideração a direção, mais sim a velocidade, o prazer não pode ser deixado para o amanha, mas deve ser praticado aqui e agora. O senso comum não respondeu nossas duvidas, por isso ele esta ficando para traz, e abrindo espaço cada vez maior para a ciência.

O período atual pode ser chamado de tempo de emancipação. Agora e a qualquer momento o ser humano se torna livre, o religioso da noite para o dia se torna ateu, o católico se transforma em protestante, o espírita que se torna protestante por causa das duvidas que tinha na sua religião. Este tipo de emancipação de conhecimento mostra que a verdade, constantemente muda de direção nos tempos de hoje. Deixando muitas vezes o individuo perdido em meio a uma rede de estradas em que todas as vias pode se chegar a algum lugar, mas provavelmente este individuo nem sabe mais o porquê ou o sentido de tudo isso, ou o porquê dele achar que esta verdade é mais relevante do que aquela. Este tipo de liberdade é subjetiva, pois dependendo do que o individuo necessita em um determinado momento, ele vai introgetar uma verdade para si.

A disputa de poder é provavelmente o motivo maior para a existência de tantas verdades, volto a falar mais uma vez sobre o fenômeno religioso. Suponhamos que alguém cresça em um lar extremamente religioso, aprendeu sempre a se contentar com pouca coisa, mais um dia ele sai errante pela terra em busca de uma verdade a mais, de repente em um povoado ele se depara com as ciências e com uma sociedade totalmente emancipada e começa a confrontar sua verdade com a verdade daquele povo, há primeira vista lhe causa inquietação, mas com tamanhas provas que são incontestáveis volta para sua casa, carregando todo aquele tesouro que foi o conhecimento adquirido. Chegando no meio de seu povo este conta tudo que aprendeu, mais isto tudo soa como o maior dos absurdos e o mais imperdoável dos pecados. Mas não podendo voltar atrás no que foi aprendido, se vê obrigado a sair do meio do seu povo. Aquilo que parecia bom acabou se tornando um verdadeiro inferno na vida do nosso personagem errante. Parece até um paralelo com a verdade do modelo teórico de Platão.

Quando aceitamos algo como fonte de verdade, acabamos por se tornar escravos desta verdade. E tentamos a impô-la para os que nos cercam achando que com isso eles serão livres de algo que achamos que não é verdade, e ele por sua vez acha que é livre e que você esta preso em algo que não é verdade. Surge ai uma luta travada, a luta pelo poder, todos que pensam ser livres se acha no papel de herói para “libertar os cativos”, mas se esquece que o outro e tão livre quanto ele.

Deste pensamento deixo uma conclusão:
Aquele que você pensa ser escravo de uma verdade própria, na verdade é tão livre quanto você, e tão escravo da própria verdade, quanto você é escravo da sua.

Wellington Johnny
wj-cunha@hotmail.com
Bauman, zygmunt Bauman - O Mal-Estar da Pós-Modernidade - Ed. Jorge Zahar Editior 1998